Maria Aparecida - 9E,F - 03 a 06 de Novembro

 

 

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Entre a Missa e o Almoço

 

CENA I

Pedro, depois Arnaldo (Ao levantar o pano, Pedro, o copeiro da casa, espana os móveis; alguns momentos depois, ouve-se uma campainha elétrica. Ele vai à porta do fundo e olha para fora).

Pedro — Oh! O sr. dr. Arnaldo! Entre, sr. doutor! (Arnaldo entra). Como tem passado vossa senhoria? Vossa senhoria não se lembra de mim? Sou o Pedro... o Pedro, que foi copeiro de vossa senhoria!

Arnaldo — Ah!

Pedro — Tenha a bondade de sentar-se

Arnaldo — Obrigado. Estou bem.

Pedro — A sra. D. Alice está boa?

Arnaldo — Creio que sim.

Pedro — Não fique querendo mal à sra. D. Alice, não senhor; mas a sra. D. Alice foi muito injusta para comigo.

Arnaldo (quase interessado, a seu pesar) — Por quê?

Pedro — Pois vossa senhoria não se lembra que ela me despediu sem razão?

Arnaldo — Não sei disso.

Pedro — Eu fazia muito bem a minha obrigação; não havia motivo de queixa; entretanto, o pretexto foi que o meu serviço era mau. (Sorrindo). Depois vim a saber de tudo...

Arnaldo (desta vez interessado) — Tudo quê?

Pedro — Quem me disse foi seu Ferreira.

Arnaldo — Quem é seu Ferreira?

PEDRO - O homem da venda. A cozinheira contou que eu era "onze letras" de vossa senhoria, que trazia recadinhos em segredo a vossa senhoria... Ora seja tudo por amor de Deus!...

ARNALDO - Bom! Isso não tem importância

PEDRO - Como não tem importância? Tem importância, sim senhor! Eu sou um pobre criado de servir, um homem de cor, mas nunca foi Mercúrio de ninguém!

ARNALDO - Isso lá vai..

PEDRO - Nunca tive patroa mais ciumenta que aquela! Vossa senhoria vivia muito apoquentado! ARNALDO, a quem desagrada a conversa, naturalmente por ser com quem é, - O visconde está em casa? PEDRO - Está sim senhor... está ali (Apontando para a direita baixa), no seu gabinete, ocupado com a sua advocacia!... Oh! O sr. visconde trabalha muito! Às 6 da manhã já está de pé... Senta-se à mesa de trabalho e desunha até às 11, mesmo aos domingos, como hoje! ARNALDO - Está sozinho? PEDRO - Sozinho. A sra. viscondessa foi ouvir missa ali na matriz. É verdade que a missa está a acabar, e a sra. viscondessa não tarda ai com as amigas. ARNALDO - As amigas? PEDRO - Sim, senhor. Todos os domingos, depois da missa, ela traz consigo, da igreja, quatro ou cinco senhoras da vizinhança, que vêm tomar café e conversar, aqui na sala, sobre todos os assuntos da semana... é assim uma espécie de folhetim... (Animado por um quase sorriso de Arnaldo) Cortam na pele das outras... e principalmente das outras, que é um gostinho. Se vossa senhoria assistisse, escondido, a uma dessas conversas entre a missa e o almoço, divertia-se a valer! são terríveis! Sabem de tudo quanto se passa na casa alheia! A sra. viscondessa é a que menos fala, mas parece que dá o cavaquinho por ouvir falar. É uma boa senhora, vossa senhoria não acha

                        CENA II

 

A VISCONDESSA, entrando - Vão entrando sentem-se. Eu vou lá dentro ver o café. (Entram outras. Dudu vai para a janela).

ELISIÁRIA - Viscondessa, não se esqueça de recomendar que tragam a minha xícara com muito pouco açúcar! (A viscondessa sai pela direita alta 

LUÍSA - Tomara que o de hoje esteja melhor e o do domingo passado. Café, ou muito bom ou nenhum! (De repente, vendo Dudu à janela) Sai da janela, Dudu!

 

DUDU - Ora, mamãe!

LUÍSA - Não ouves! (Dudu sai da janela)

ELISIÁRIA - Há quatro, não: há cinco!

LAURA - Vocês também! Creio que há três!

ELISIÁRIA - Há cinco! Tem ouvido muita missa com aquela toilette!

LUÍSA - Pudera! O marido está pronto!

DUDU - Pronto para quê? LUÍSA - "Pronto" quer dizer

DUDU - Nesse caso, também papai está pronto...

LUÍSA - Cala a boca, menina! [...]

1)      Após ler e analisar a composição linguística do texto “Entre a Missa e o Almoço”, responda às perguntas a seguir

2)      Quais são as características que nos permitem identificá-lo como texto teatral?

3)      A narrativa do texto teatral é estruturada em: a. ( ) Parágrafos. b. ( ) Versos e estrofes. c. ( ) Parágrafos e versos. d. ( ) Rubricas e falas das personagens.

4)      Na sua opinião, por que o texto se enquadra na modalidade narrativa? E por que essa forma de construção foi tão importante em algumas épocas para gerar efeitos de sentido como, por exemplo, passar ensinamentos, provocar catarse2 ou evidenciar certos comportamentos da sociedade? Justifique sua resposta.

5)      Qual dos elementos da narrativa, nesse caso, diferencia o texto teatral dos outros gêneros narrativos? Explique.

 

Obs: rubrica – aviso do autor, vem entre parente ou itálico, isto é dramatizar a sena – onde esta o personagens e o que ele sente.

Leitura dramática antes da sena ( personagens)

Você já assistiu uma peça teatral, qual o nome dessa peça?

 

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